DIETA CETOGÊNICA NAS EPILEPSIAS

O QUE É DIETA CETOGÊNICA?

A Dieta Cetogênica é um tratamento nutricional indicado desde 1921 às pessoas com epilepsia de difícil controle medicamentoso, ou seja, apresentam crises epilépticas recorrentes, mesmo tendo feito uso adequado de pelo menos de dois fármacos antiepilépticos. A dieta cetogênica é caracterizada pelo alto teor de alimentos fonte de gorduras, baixo teor de carboidratos e adequado aporte de proteínas. O cardápio é calculado e orientado conforme peso de cada alimento, portanto utiliza-se balança para pesar e assegurar as porções de cada alimento. As proporções dos alimentos são calculadas pelo nutricionista considerando o estado nutricional, conforme peso, faixa etária, aspectos clínicos, exames bioquímicos e alergias/intolerâncias alimentares. A duração do tratamento pode variar, porém comumente é suspenso após o período médio de 2 a 3 anos, mantendo-se constante o controle de crises atingido.

O QUE É EPILEPSIA DE DIFÍCIL CONTROLE MEDICAMENTOSO?

Conforme a definição da Liga Internacional Contra Epilepsia (ILAE), epilepsia de difícil controle medicamentoso (fármaco-resistente) é aquela em que o indivíduo já fez uso de 2 fármacos antiepiléticos em monoterapia ou em combinação em doses adequadas e não apresentou controle das crises epilépticas. Portanto, se a pessoa não tiver indicação à intervenção cirúrgica, deve ser orientada em relação à opção de iniciar o tratamento com dieta cetogênica.

OS FÁRMACOS ANTIEPILÉPTICOS SERÃO SUSPENSOS PARA INICIAR A DIETA CETOGÊNICA?

Não. As medicações são mantidas e a dieta cetogênica é associada como mais uma forma de tratamento. As únicas mudanças que ocorrem nas medicações se referem à substituição daquelas veiculadas em xarope ou solução para a forma em comprimido, já que o objetivo é reduzir a ingestão de carboidratos.

A INTERNAÇÃO É NECESSÁRIA PARA INICIAR A DIETA CETOGÊNICA?

Não. A introdução da dieta cetogênica ocorre através de consultas com o nutricionista, sem a necessidade de induzir o jejum. Portanto a pessoa inicia na etapa denominada 1:1 ou 2:1, que se refere à proporção de gordura em relação à somatória de carboidratos e proteínas. Conforme a evolução do paciente em relação à redução na freqüência das crises epilépticas, ele pode ou não ter a necessidade de atingir a última etapa 4:1 (4 partes de gordura para uma parte de carboidrato mais proteína). As evoluções entre as etapas são orientadas e avaliadas conjuntamente entre o nutricionista e o neurologista.

APENAS CRIANÇAS PODEM FAZER A DIETA CETOGÊNICA?

Pessoas de todas as idades podem fazer a dieta cetogênica quando diagnosticadas com epilepsia fármaco-resistente. A dieta cetogênica, por ser mais rígida e requerer a pesagem dos alimentos conforme a gramagem indicada pelo nutricionista, é mais bem tolerada por crianças. Adolescentes e adultos também se beneficiam com a dieta cetogênica, mas muitos preferem seguir uma dieta menos restritiva sem restringir os alimentos conforme o peso, mas sim conforme as medidas caseiras dos utensílios (colher de copa, copo americano etc.). Esta dieta é denominada Dieta de Atkins Modificada.

EM QUANTO TEMPO A DIETA CETOGÊNICA RESPONDE IMPACTANDO NA REDUÇÃO DAS CRISES EPILÉPTICAS?

São necessários três meses para avaliar se a dieta cetogênica foi eficiente, ou seja, promoveu a redução média de 50% das crises epilépticas. Caso o paciente não responda satisfatoriamente e/ou apresente efeitos adversos importantes, o tratamento será descontinuado e assim retornado ao padrão alimentar convencional. Crianças com diagnótico de Síndrome de West, caracterizada pelos espasmos infantis, respondem mais rapidamente. Pessoas que apresentaram redução acima de 50% das crises e/ou melhora dos aspectos cognitivos têm indicação a se manter no tratamento pelo período médio de 3 anos, podendo ser postergado conforme a equipe de saúde julgar necessário.

A DIETA CETOGÊNICA TEM EFEITO COLATERAL?

Por se tratar de uma dieta constituída à base de alimentos fonte de gordura, o principal efeito adverso é a alteração dos níveis de colesterol, com aumento de LDL (“colesterol ruim”) e triglicérides e redução de HDL (“colesterol bom”). Sonolência e irritabilidade podem ser percebidos no momento inicial da dieta cetogênica em determinadas pessoas. Problemas de ordem gastrointestinal também podem ocorrer, como diarreia, constipação (intestino preso) e náusea. A longo prazo, pessoas que fazem uso de topiramato, têm maior propensão em desenvolver cálculos renais. Desta forma, o nutricionista e o médico irão solicitar e acompanhar periodicamente através de exames.

QUAIS SÃO OS TIPOS DE DIETA CETOGÊNICA EXISTENTES?

Dieta Cetogênica Clássica: É a variação mais restritiva e mais comumente indicada para crianças e adolescentes. Composta por 90% de gordura, 6% de proteína e 4% de carboidrato. Os alimentos são pesados em balança específica para alimentos.

Dieta de Atkins Modificada: Composta por 65% de gordura, 30% de proteína e 5% de carboidrato. Os alimentos são porcionados através de medidas caseiras devendo respeitar o limite de carboidrato diário proposto pelo nutricionista. Esta versão favorece melhora da adesão de crianças, adolescentes e adultos com maior autonomia social.

Dieta de Baixo Índice Glicêmico: Composta por 60% de gordura, 28% de proteína e 12% de carboidrato. Priorizam-se carboidratos com índice glicêmico abaixo de 50.

Instituto Ginoped - Nutricionista Marcela M. O. Gregório

Marcela M. O. Gregório

Nutricionista CRN3: 42201

Graduação em Nutrição (Centro Universitário São Camilo)
Mestre em Ciências (Unifesp)
Vice-Presidente da Associação Brasileira de Epilepsia (ABE)
Diretora do Instituto Ceto Brasil João e Maria. Colaboradora no Ambulatório de Dieta Cetogênica da Unidade de Pesquisa e Tratamento das Epilepsias (UNIPETE na UNIFESP)
Membro do Ambulatório de Dieta Cetogênica do Hospital Infantil Sabará

Instituto Ginoped - Doutora Daniela Bezerra

Dra. Daniela Bezerra

Neuropediatria CRM 109.823-SP

Graduada em Medicina (Faculdade de Medicina de Vassouras/RJ)
Especialista em Pediatria (Sociedade Brasileira de Pediatria/AMB)
Neuropediatria (Faculdade de Medicina do ABC)
Membro da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil Mestre em Ciências da Saúde (Faculdade de Medicina do ABC)
Professora Afiliada da Faculdade de Medicina do ABC Preceptora da Residência Médica de Neuropediatria – Estágio em Epilepsia Infantil (Hospital Estadual Mario Covas)
Preceptora da Residência Médica de Neuropediatria – Estágio em Neuropediatria Neonatal (Hospital Municipal Universitário de São Bernardo do Campo)